Lumiar - PROTEGER E SERVIR - Telheiras

Noticias - Informação

04-04-2009 06:17

 O bairro urbano de Telheiras nasceu nos anos 1970 e já foi candidato a melhor bairro da Europa

Reportagem no bairro de Lisboa

Telheiras. Crimes não matam paixão dos moradores

 

A ervanária ainda não abriu a porta, apesar de serem cinco da tarde. A loja das camisas tem o letreiro a dizer "aberto", luzes acesas e trancas na porta. O restaurante está sempre de cortinas corridas, com ar de fechado para balanço. Estes estabelecimentos estão abertos, mas à porta fechada. É preciso bater à porta ou tocar à campainha para entrar.

Num beco da zona nova de Telheiras, junto ao hipermercado Continente, a papelaria foi assaltada duas vezes e o dono teve uma arma apontada às costas. No restaurante Lizárran, da esquina, já entraram de caçadeiras. A loja das camisas foi assaltada num dia de Julho e, três dias depois, foi a vez da loja de brinquedos.

As clientes do cabeleireiro foram trancadas no gabinete de estética. Uma família foi assaltada num 6.o andar mas só deu por isso quando o filho não encontrou os 600 euros que estavam no mealheiro em forma de porco. O arrendamento de uma loja de 30 metros quadrados custa perto de 1500 euros. E se uns acham que não vale o preço, outros dizem que Telheiras é um bairro tão bom para se viver que merece o risco.

"Nem que me oferecessem uma casa eu vivia aqui. Isto é um bairro de casas modernas num cenário que parece de há 50 anos", diz Patrícia Agante, a dona do café, miudinha e espevitada.

Anabela Pais, empregada da engomadoria Joaninha, próxima do prédio onde uma adolescente de 17 anos foi violada na semana passada, pelo contrário, lamenta: "Não dá para viver aqui. As casas são lindas, mas são mesmo para os ricos."

O dono da loja de camisas, a quem já roubaram várias vezes camisas pela caixa de correio com um gancho comprido e que planeia pôr grades, ainda não encontrou motivos para mudar de zona: "Estou neste ramo há 20 anos e em Telheiras há cinco. A verdade é que aqui há bons clientes."

Telheiras, com amor Quem mais morre de amores por Telheiras são os primeiros, os que foram viver para um bairro recém-nascido colado ao Estádio de Alvalade, quando Telheiras deixou de ser uma aldeia e passou a ser um bairro urbano, planeado pela EPUL nos anos 70.

O charme do bairro "Telheiras tem um carisma muito especial. Gosto muito de viver aqui", diz Mariana Sousa, empregada bancária de 51 anos. Desvaloriza as conversas de café sobre o violador: "Tenho a sensação de que as coisas às vezes são um bocadinho empoladas. É evidente que não há nenhum sítio que seja 100% seguro. Mas Telheiras é um bairro pacato. Os meus filhos, quando saem à noite, vêm de metro para casa sem qualquer problema. Faço parte do grupo de teatro, venho para casa sozinha à meia-noite e tal tranquilamente."

O crime diminuiu? A verdade é que naquela noite houve cinco violações na Grande Lisboa, só uma delas em Telheiras. E o chefe da PSP da 19.a esquadra de Telheiras garante: "Estou aqui desde 1991 e nunca houve tão pouca criminalidade como agora. Os casos de criminalidade mais badalados foram facilmente resolvidos com brigadas à civil."

Durante a noite, Telheiras é patrulhada tambem por 2 Guardas-Nocturnos,que numa missão preventiva muito contribuem para a segurança do bairro de Telheiras e Paço do Lumiar.

A EPUL escolheu Telheiras para se candidatar ao "Prix Rotthier 2008 - O Melhor Bairro da Europa". O que tem Telheiras para ambicionar ser o melhor da Europa?

Os moradores respondem sem esforço. O mesmo que tem para lhes ser tão querido. Ruas - quase todas - impecavelmente limpas e "sem cocós", parques infantis, espaços verdes, escolas bem cotadas nos rankings, prédios com isolamento e pintados como novos, garagens, comércio tradicional, uma associação de residentes activa, bons acessos, proximidade do centro de Lisboa, tranquilidade de aldeia, zona de bares e esplanadas "simpáticas e concorridas".

Classe média alta "É um bairro muito bem frequentado. Médicos, políticos, procuradores, professores universitários. Costumo dizer que sou o único não doutor do meu prédio", diz Rodrigo Machado, reformado de cabelos brancos que segura os óculos no nariz. E há mais: "É um bairro jovem, com gente bonita."

Confirma-se: a freguesia do Lumiar é uma das mais populosas de Lisboa e também uma das mais jovens. Porque o bairro renova-se.

"A minha filha também vive aqui", continua Rodrigo Machado, que comprou um T3 em 1980 por 8 mil contos (hoje um T3 custa entre os 200 e os 350 mil euros). "Nós somos a primeira geração de Telheiras. Mas já há uma segunda geração que escolhe aqui viver", dizem Maria e João Dias Gomes, o casal de olhos azuis que há 15 anos vê em Telheiras "o local ideal para viver em Lisboa" - apesar de a filha ter sido assaltada no elevador sob a ameaça de um x-acto.

A segunda geração António Cruz é da tal segunda geração de telheirenses. Vive há quatro anos numa Telheiras renovada que se estendeu para Carnide e para o Paço do Lumiar e só tem razões para dizer bem. "Está dentro de Lisboa mas é sossegado. Tem metro e transportes, mercearias de bairro faseadas com hipermercados, bares à noite e uma óptima biblioteca municipal com internet grátis", enumera o técnico de gestão de projectos de 25 anos.

Moradores e comerciantes disparam mil justificações para que o bairro - que ficou conhecido como o "bairro dos doutores" e onde o mais fácil é encontrar prédios iguais cor-de-rosa barbie - tenha episódios pontuais de criminalidade.

"Se fosse um bairro pobre, os ladrões não vinham para aqui, não é? ", questiona Ana Gouveia, a dona do Claket Café, forrado a posters de cinema. E assume entre dentes que, apesar de nunca ter tido problemas, no Inverno fecha a porta às 18h30 e só atende quando vê que a pessoa a espreitar pelo vidro "é conhecida".

Falam da concentração de riqueza, da proximidade do bairro da Horta Nova, das casas vazias durante o dia "num bairro cada vez mais dormitório", dos riscos de ter uma estação de metro fim de linha e "ponto de paragem de autocarros vindos da Damaia e da Pontinha", da arquitectura do bairro com becos e arcadas, onde "é fácil esconder e fugir".

O chefe da esquadra não duvida que o chavão de bairro de classe média/média-alta é o melhor íman para os assaltantes: "Sabe-se que Telheiras é uma zona de bons carros e como as pessoas têm um melhor nível de vida é mais provável que tenham ouro e outros bens valiosos em casa."

O futebol tem as costas largas e chega ao pódio no vox-pop. Todos os moradores, sem excepção, dizem que os maiores problemas de Telheiras chegam nos dias de jogo. Males de um bairro plantado entre os dois estádios dos grandes e colado a Alvalade quase como um pega-monstro.

"Já me chegaram a estacionar na rampa de acesso à garagem", afirma Mariana Sousa, que da janela avista os azulejos coloridos do estádio de Tomás Taveira. Rodrigo Machado, o "não doutor" do "bairro dos doutores", fala de um "aproveitamento do futebol" com convicção: "Vêm pessoas de todo o sítio ao futebol. Não digo os adeptos, mas os que vêm com eles. Há mais gente no bairro, passam mais despercebidos. Veja, a violação foi num dia de futebol."
 
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PSP detém autor de "carjacking" minutos após o roubo

por Agência Lusa, Publicado em 30 de Julho de 2009
 
 Um homem de 28 anos, com "vastos antecedentes criminais por roubo", foi detido pela PSP no Lumiar, em Lisboa, pouco tempo depois de ter roubado, à mão armada, uma viatura à sua proprietária ("carjacking"), em Loures.

 De acordo com informações da PSP, o carro foi furtado às 14:40 de quarta-feira junto à estação do Metro do Senhor Roubado, em Loures, tendo a condutora sido surpreendida, com uma faca apontada, quando entrava para a viatura. Foi-lhe também roubado o telemóvel.

 Cerca da 15:00, elementos da PSP avistaram o carro no Bairro da Cruz Vermelha, no Lumiar, tendo procedido à detenção do condutor, cuja descrição correspondia à identificação feita pela vítima.  

 Os elementos da PSP conseguiram recuperar a viatura sem qualquer dano, bem como o telemóvel, e apreenderam a faca usada no assalto.

 O detido, com "vastos antecedentes por este tipo de crime", foi hoje ouvido por um juiz da Comarca de Loures, não sendo ainda conhecidas as medidas de coacção aplicadas e que podem ir até à prisão preventiva

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Lisboa

Duas jovens violadas em dois dias foram mandadas para casa à espera de fazer exames

 

 
Dois dias. Duas violações. Dois casos que podem ficar por resolver porque não havia técnicos de medicina legal nos hospitais onde deram entrada. Duas jovens, de 17 e 22 anos não conseguiram aguentar as horas que lhes pediram para esperar. Durante o mês de Agosto, o Instituto de Medicina Legal de Lisboa não tem peritos disponíveis durante a noite, de segunda a quinta-feira. Por norma, existem seis médicos integrados nas escalas, mas três estão de baixa médica e com o período de férias a situação agravou-se. Apenas nos fins-de-semana há técnicos de serviço durante 24 horas.

O i apurou que um dia antes do caso de ontem no Hospital Santa Maria, onde deu entrada uma jovem de 17 anos violada em Telheiras, Lisboa, houve outra jovem, de 22 anos, que também ficou sem ser vista, mas desta vez no Hospital Amadora-Sintra. A rapariga foi violada perto da sua casa, em Massamá (Sintra), foi ao hospital e, como não foi possível a presença de técnicos de medicina legal, foi mandada para casa com a recomendação de não tomar banho. A jovem ignorou a recomendação, até porque, segundo os psicólogos, o banho passa a ser uma obsessão. No dia seguinte já não foi possível recolher qualquer vestígio.

O i conseguiu saber que o violador da jovem de Telheiras está solto e tem cerca de 30 anos. Até ao fecho desta edição, o homem não tinha sido detido. Na casa da jovem, na zona de Telheiras, os pais não quiseram prestar declarações. Nas últimas semanas há relatos de mais duas violações na mesma zona, uma das quais num estabelecimento comercial onde o violador entrou e obrigou a proprietária a ter relações sexuais dentro da sua própria loja. Hoje a lojista tem a porta fechada e só atende o público depois de accionada a campainha.


Presidente contra O presidente do Instituto de Medicina Legal de Lisboa, Duarte Nuno Vieira, manifesta-se frontalmente contra a inclusão do Instituto de Medicina Legal no Ministério da Saúde, conforme defendeu ontem o médico legista e ex-director do Instituto de Medicina Legal do Porto, José Pinto da Costa.

O director de Lisboa lembra que o órgão de que Pinto da Costa foi presidente, o Conselho Superior de Medicina Legal, "não tinha qualquer eficácia, era incompetente e ineficiente". Para Duarte Nuno Vieira, Pinto da Costa quer apenas "vingança, quando ele mesmo foi um dos responsáveis pelo mau funcionamento dos serviços".

Duarte Nuno Vieira lembra que em França foi tentado um modelo semelhante ao proposto por Pinto da Costa e não obteve bons resultados. É que os serviços de saúde "existem para tratar doenças, enquanto os periciais têm de andar no terreno e nos tribunais". O director do Instituto de Medicina Legal de Lisboa sustenta que os serviços médico-legais estão instalados nos hospitais (com excepção de Lisboa, Porto e Coimbra) e utilizam os equipamentos. Aproveitam, acrescenta, "as vantagens do serviços e evitam as desvantagens".

O médico lembra ainda que em Bordéus houve uma reunião em 2005 na qual o sistema médico-legal em Portugal foi considerado "de referência" e alerta para o pro- tocolo entre ministérios da Justiça e da Saúde, que ainda está a ser negociado e que prevê a abertura de mais quatro institutos médico-legais: Amadora, Santarém, Setúbal e Cascais.


 

A jovem, de 17 anos, dirigiu-se ao serviço de urgências do Hospital de Santa Maria por volta das 21h30 de terça-feira, depois de ter sido obrigada a fazer sexo oral por um homem de 30 anos, no interior do seu prédio, em Telheiras. No entanto, por haver menos pessoal em Agosto, nenhum perito podia observá-la. Pediram à adolescente que aguardasse até às oito da manhã do dia seguinte, sem ingerir líquidos, tomar banho ou lavar os dentes - de forma a não eliminar vestígios -, até que chegasse o perito do Instituto de Medicina Legal (IML) habilitado para a realização dos exames. O que só aconteceu 12 horas depois da violação.

Os médicos do Hospital de Santa Maria "deviam ter actuado de outra forma", atalha fonte do Instituto de Medicina Legal. Ouvido pelo i, o especialista garante que os ginecologistas e obstetras hospitalares "também estão habilitados a fazer os primeiros exames médicos para detectar um agressão sexual", caso não haja peritos de medicina legal disponíveis. "Deveriam ter-lhe feito, na hora, um esfregaço bucal e vaginal e a jovem podia ter regressado normalmente a casa, voltando de manhã para lhe serem feitos os exames físicos", defende. 

Fonte médica ouvida pela Lusa garante que o primeiro médico a assistir a jovem "só chegou cinco horas depois da entrada na urgência e não fez nada. Despachou-a apenas para a Medicina Legal, não fazendo o que todos os seus colegas têm feito desde o início de Agosto". O pai da jovem, que denunciou o caso à RTP, garante ainda que nem sequer foi prestado apoio psicológico à filha.

A violação A jovem de 17 anos foi violada anteontem, pouco antes das nove da noite por um indivíduo com cerca de 30 anos, quando regressava a casa. Fonte policial garantiu ao i que o indivíduo "já foi referenciado pela prática de outros crimes semelhantes", sempre na zona de Telheiras. O homem, desconhecido da vítima, abordou-a no elevador e obrigou-a a acompanhá-lo a uma arrecadação que existe no prédio. Aí, forçou-a fazer-lhe sexo oral. Os pais apresentaram queixa na esquadra de Telheiras.

Falta de peritos Durante o mês de Agosto, o Instituto de Medicina Legal de Lisboa não tem peritos disponíveis durante a noite, de segunda a quinta-feira. Por norma, existem seis médicos integrados nas escalas, mas três estão de baixa médica e "com a chegada do período de férias a situação agrava-se", admite Duarte Nuno Vieira, presidente do IML. Para assegurar os serviços de urgência, foi criada, em Junho, uma escala de Verão: os serviços só funcionam de segunda a quinta-feira entre as 8h00 e as 18h00. Apenas nos fins-de-semana há técnicos de serviço durante 24 horas.

Em Lisboa, a situação tem sido mais caótica. "Por ser a zona onde existe necessidade de mais peritagens", explica o responsável. A falta de especialistas na área da medicina legal não é de agora. "Durante muitos anos, esta era uma especialidade que ninguém queria." Uma situação que só recentemente foi invertida, com a equiparação do internato complementar de medicina legal ao das restantes especialidades médicas. Mesmo assim, actualmente, existem apenas 60 médicos especialistas nesta área, espalhados pelos 32 gabinetes médico-legais do país.

O Ministério da Justiça garante que 32 internos estão já a receber formação especializada para poderem intervir nestas situações. No entanto, o processo só estará concluído em 2010. Apesar do reforço previsto, a ministra da Saúde, Ana Jorge, defendeu, ontem, em declarações à agência Lusa, a necessidade de "melhorar a articulação entre o Ministério da Saúde e a Medicina Legal".

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